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Lilloa 55 (1): 16–25, 8 de junio de 2018
INTRODUÇÃO
O gênero Melocactus Link & Otto perten-
ce à família Cactaceae, subfamília Cactoide-
ae, é composto por 38 espécies, cujo centro
mundial de diversidade é o Nordeste do Bra-
sil (Correia, Nascimento, Gomes Filho, Lima,
Almeida, 2018). Sua distribuição é ampla,
ocorrendo desde a América Central, México,
Caribe, Andes, e no Brasil ocorre no Norte
(estados do Amazonas e Roraima), Sudeste
(estados do Espirito Santo, Minas Gerais e
Rio de Janeiro) e em todos estados do Nor-
deste, com exceção do Maranhão (Zappi,
Taylor, Santos, Larocca, 2015; International
Union for Conservation of Nature [IUCN]
(2016); Bravo Filho, Santana, Santos, Ri-
beiro, 2018).
No Brasil ocorrem 23 espécies do gênero
Melocactus, sendo 21 destas endêmicas, nú-
meros que faz do Brasil o detentor do maior
número de espécies nativas deste táxon no
mundo. As espécies deste gênero crescem
em biomas e altitudes diversificados, com
maior ocorrência na Caatinga, Cerrado e
Mata Atlântica (Resende, Lima-Brito, San-
tana, 2010; Zappi et al., 2015).
Os Melocactus são conhecidos popular-
mente como «cabeça-de-frade, coroa-de-fra-
de, coroinha e tamborete-de-sogra» e fazem
parte da cultura do Nordeste brasileiro, uma
vez que, encontram-se entre as plantas mais
utilizadas em uma ampla diversidade de usos
(ornamental, místico, medicinal, veterinário,
na fabricação de produtos diversos, na produ-
ção de alimentos, como forragem para rumi-
nantes e são fonte de inspiração para a criação
de cordéis, poesias, lendas e canções) (Bravo
Filho, 2014; Lucena et al., 2015; Silva, 2015;
Bravo Filho, et al., 2018).
Apesar do extrativismo, do alto grau de
endemismo e da elevada taxa de degradação
dos biomas de ocorrência destas espécies no
Brasil, não se observa cultivos comercial com
o objetivo de suprir os usos, os espécimes
são removidos inteiros de seu ambiente na-
tural sem considera o seu ritmo de resili-
ência (Plano Nacional Para conservação das
Cactaceae [PAN] (2011); Silva, Prata, Sou-
to, Mello, 2013; Livro Vermelho da Flora do
Brasil [LVFB] (2013); Bárbara et al., 2015;
Menezes e Ribeiro-Silva, 2015).
Desta forma, fazem-se necessários es-
tudos mais aprofundados sobre a biologia
reprodutiva e populacional deste gênero.
Objetivando subsidiar a criação de políti-
cas públicas de conservação deste grupo de
plantas que, atualmente, possui nove espé-
cies nativas incluídas na Lista das Espécies
com Risco de Extinção do Livro Vermelho da
Flora do Brasil, número que corresponde a
40,9% da biodiversidade nativa de Melocac-
tus no país e 24,32% da diversidade mundial
(LVFB, 2013).
O Estado de Sergipe possui ecossistema
típico de ocorrência da família Cactaceae,
visto apresentar clima semiárido e seco,
com formação vegetal composta por dunas
costeiras, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado
e áreas rochosas (Santos e Andrade, 1998;
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
dos Recursos Hídricos [SEMARH], 2012).
Contudo, observa-se que vários municípios
sergipanos que apresentam ecossistemas
característicos de ocorrência do gênero Me-
locactus não possuem registro destas espé-
cies no Herbário da Universidade Federal
de Sergipe-ASE ou outros meios como o
SpeciesLink, Ministério do Meio Ambiente
e na Lista de Espécie da Flora do Brasil. Até
2014, no Herbário-ASE, havia o registro de
quatro espécies (Melocactus violaceus Pfeiff,
Melocactus violaceus subsp. margaritaceus
N.P. Taylor, Melocactus zehntneri (Britton &
Rose) Luetzelb. e Melocactus ernestii Vaupel
subsp. ernestii) distribuídas em oito municí-
pios (Herbário da Universidade Federal de
Sergipe [ASE], 2015; Bravo Filho, 2014). O
objetivo dessa pesquisa foi realizado um le-
vantamento florístico do gênero Melocactus
no estado de Sergipe e avaliar o status de
conservação.
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas foram realizadas em 19 mu-
nicípios do estado de Sergipe: Aracaju, Am-
paro de São Francisco, Barra dos Coqueiros,
Canhoba, Estância, Gararu, Itabaiana, Itapo-
ranga D’Ajuda, Japaratuba, Japoatã, Macam-